Educação Inclusiva: atividades para estimular a autonomia (2 melhores tipos de adaptação)

Nesse artigo vamos falar de 2 tipos de adaptação de atividades para seu aluno ter satisfação em estudar e você estimular a autonomia do seu aluno, ensinando ele a estudar sozinho e ter sucesso de forma independente, aumentando sua concentração, interesse e sentimento de conquista a cada atividade proposta.

Tudo isso independente do diagnóstico. Se todos podem aprender, então todos podem ter autonomia e podem fazer atividades sozinho.

Como estimular a autonomia na escola?

Infelizmente a autonomia dos alunos da educação inclusiva na escola é prejudicada por excesso de ajuda e planos de intervenção específicos para aumentar essa autonomia.

Alunos com deficiência passam anos recebendo ajuda para atividades escolares que eles poderiam fazer sozinhos se tivessem atividades adaptadas de forma correta.

Para que o aluno faça as atividades sozinho, mesmo que esse aluno possua um professor de apoio, é importante que ele receba as atividades adaptadas para ele.

Uma atividade adaptada corretamente é aquela permite ao aluno a possibilidade de realizar sem ajuda.

A melhor forma de desenvolver a autonomia na escola é entregando atividades que permitam ao aluno realizar com o máximo de independência possível.

Quanto mais o aluno realizar atividades sozinho, mais ele treina autonomia.

Pare de cobrar a realização de atividades e ajudar sempre

Quanto mais o aluno é cobrado para realizar uma atividade, ou quanto mais vezes ele pede ou recebe ajuda para realizar algo, mais ele treina dependência. Ensinar autonomia é exatamente o oposto.

Alunos que são constantemente cobrados ou ajudados se sentem incapazes, desinteressados, dispersos, com preguiça.

São alunos que os pais reclamam que o filho não quer fazer as tarefas de casas ou que não sabem como ajudar com as tarefas.

Por que isso acontece?

Simples. O erro gera frustração.

Quando você é cobrado por algo, chamado a atenção, ou recebe uma ajuda para concluir algo que você deveria conseguir fazer sozinho (porque seus colegas conseguem fazer sozinho) isso é entendido pelo aluno como erro.

E tudo erro gera frustração e cada pessoa reage à frustração de uma forma diferente.

Alguns alunos quando frustrados ficam entediados, outros tem comportamentos agressivos, outros choram, outros querem sair da sala.

E muitas das vezes esses comportamentos são atribuídos ao diagnóstico do aluno:

“Ah, ele não fica concentrado por que tem deficiência intelectual”

“Olha só, ele não quer ficar na sala porque é autista”

Essas são frases comuns ouvidas nos corredores das escolas, mas estão totalmente equivocadas.

O aluno pode acabar caindo num ciclo de desmotivação.

O aluno apresenta comportamento inadequado porque está cansado de sofrer com atividades que, ou estão muito abaixo da sua capacidade, ou estão muito além, que não são acessíveis e não permitem que ele desenvolva sua autonomia.

Então como estimular a autonomia do aluno com deficiência?

A famosa frase da Montessori se encaixa perfeitamente nesse contexto de autonomia na escola: “Nunca ajude uma criança em uma tarefa que ela sente que pode realizar sozinha”.

E quando falamos de adaptação de atividades para trabalhar autonomia, podemos parafrasear a Montessori da seguinte forma:

“Nunca obrigue uma criança a fazer uma tarefa que ela não consegue fazer sozinha, antes faça uma adaptação da tarefa”.
Montessori

Ou seja, toda vez que entregamos atividades que nosso aluno não consegue realizar sem ajuda, abrimos uma porta para uma série de consequências que vão além do simples fato do aluno não aprender, causam uma série de acontecimentos indesejados e o comportamento inadequado é só a pontinha do iceberg.

Um aluno constantemente frustrado na escola leva para a vida adulta crenças de incapacidade que irão persegui-lo em cada desafio que a vida apresentar.

Não é incomum você encontrar adultos que fogem de uma simples conta de adição ou multiplicação simplesmente porque acreditam que não são capazes de realizar.

O segredo para desenvolver a autonomia do aluno com deficiência é proporcionar à ele atividades adaptadas de forma que ele consiga ter mais realizações do que frustrações.

Que a quantidade de realizações deixem o aluno tão satisfeito que as possíveis frustrações não irão atrapalhar.

2 tipos de de adaptações de atividades para estimular a autonomia na escola (em qualquer disciplina)

Independente se você for professor regente, professor do AEE ou professor de apoio, o fato é que quanto mais sucesso de forma independente seu aluno tiver numa atividade, mais ele treina a autonomia.

E para aumentar as chances de sucesso (autonomia) numa atividade, fazer adaptações com certeza é o melhor caminho.

As adaptações podem ser “internas” ou “externas”, ou seja, na atividade em si ou no contexto da atividade.

Tipo 1: Adaptação na atividade

Modificações, adequações e ajustes na atividade em si para aumentar acertos e sinais de sucesso.

Vai desde um simples aumento na fonte da letra da atividade para facilitar a leitura até modificações estruturais, como transformar uma atividade de perguntas e respostas em folha num jogo educativo de cartas ou numa dinâmica em grupo.

Exemplos de atividades adaptadas para a educação inclusiva.

Atividade antes de adaptar

Atividade de sinônimos antes da adaptação
Atividade sobre sinônimos antes da adaptação de atividade.

Antes da adaptação: uma atividade sobre sinônimos onde o aluno precisa dentro de um quadro encontrar a palavra que melhor atende à cada uma das questões.

Essa estrutura de atividade exige que o aluno volte ao quadro de palavras diversas vezes durante sua execução, dando margem para mais possibilidades de erro e distrações.

Isso prejudica alunos com dificuldades nas funções executivas, como pensar, reter, manipular, memorizar e resumir dados ao mesmo tempo em que leem.

Atividades depois de adaptar

exemplo de atividade adaptada para estimular a autonomia - língua portuguesa - sinônimos
Exemplo de atividade adaptada de língua portuguesa

Depois da adaptação: a estrutura da atividade foi modificada para que o “quadro de palavras” ficasse mais próximo de onde seria utilizado, diminuindo as chances do aluno “se perder” e reduzindo o tempo geral de execução da atividade (ideal para alunos com tempo de concentração baixo).

Para estimular a autonomia também foram aplicadas técnicas de design gráfico para deixar a atividade com menos “poluição visual”, retirando desenhos e ilustrações desnecessárias e adicionando imagens estrategicamente escolhidas para contribuir com a compreensão da principal palavra da atividade. 

Também foi aplicada Modelagem, para que o aluno “modele” a resposta da primeira questão nas demais e assim diminua a necessidade de pedidos de ajuda.

Essas são apenas algumas das muitas possibilidades.

Por isso é importante que todo professor conheça todas as formas e técnicas de adaptação para escolher a que mais faz sentido para seus alunos.

Dependendo do caso, uma vez adaptada a atividade, ela pode ser entregue para todos os alunos, sem prejuízos.

Tipo 2: Adaptação no contexto da atividade

Materiais de apoio, vocabulários, quadros de recompensas, rotinas visuais, pranchas de comunicação alternativa e demais recursos que, juntos à atividade principal, aumentam as possibilidades de acerto e sinais de sucesso.

Exemplo de adaptação no contexto da atividade

Material de apoio adaptado para atividades para estimular a autonomia de resolução de problemas matemáticos
Material de apoio adaptado para atividades de resolução de problemas matemáticos

Exemplo de Material de apoio: chamo esse material adaptado de régua de cálculo.

Foi desenvolvido para apoiar a resolução de problemas matemáticos adaptados com operações de adição ou subtração, contendo 2 quantidades e palavras-chave no seu contexto que indicam o tipo de operação matemática que deve ser realizada.

Esse material de apoio adaptado está disponível para download em PDF para impressão gratuitamente aqui.

Independente do tipo de adaptação, para estimular a autonomia técnicas devem ser utilizadas para garantir as melhores práticas inclusivas, como o uso de ajuda visual, comunicação alternativa, modelagem, análise de tarefas, entre outras.

Com atividades adaptadas do jeito certo o aluno, independente do diagnóstico, tem mais sinais de sucesso, aumenta sua autonomia, aumenta o sentimento de conquista, tem maior interesse e concentração.

Essas são só exemplos dos 2 melhores tipos de adaptação de atividades para aumentar a autonomia de alunos da educação inclusiva e de todos os demais alunos também.

Todos podem se beneficiar da adaptação de atividades.

Na verdade, algo que sempre digo é:

“Para pessoas sem deficiência, a adaptação de atividades torna o aprendizado mais fácil.

Para pessoas com deficiência, a adaptação de atividades torna o aprendizado possível”.
Leandro Rodrigues

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Até a próxima.

Abraços inclusivos.

Leandro Rodrigues

Eu sou Leandro e acredito que as pessoas podem evoluir muito além dos rótulos, estigmas e preconceitos. Todos podem aprender. Esp. em Educação, Diversidade e Inclusão Social. Formação inicial em Ciência da Computação. Fundador do Instituto Itard e criador do curso Adaptando Atividades para Alunos com Deficiência.

25 thoughts on “Educação Inclusiva: atividades para estimular a autonomia (2 melhores tipos de adaptação)

  1. Marcela Ulsenheimer Rodrigues says:

    Olá!
    Sou professora de AEE e trabalho com adaptação de atividades também. Auxílio professores a adaptarem seu planos de aula de forma correta, conforme as dificuldades do aluno. É uma espécie de acessoria particular que realizo! Caso tenham interesse, estou a disposição para auxiliar na adaptação de atividades. Será um prazer!

  2. Ana says:

    Excelente Prof. Leandro! Posso compartilhar com os professores que trabalham comigo?! Sonho com o dia, em que os professores possam compreender de fato o sentindo de adaptar para a necessidade específica de seus alunos, para que a inclusão seja efetivada na prática da sala de aula todos os dias.

  3. Fernanda says:

    Bom dia Leandro!
    Estou fazendo um curso com vc . Sempre muito eficiente e eficaz! Muito obrigada por suas orientações!
    Um abraço a toda equipe ITARD!

  4. Elizabeth says:

    Conteúdo de grande valia. Vou utilizar as adaptações de atividades. Obrigada e continue tornando prazerosa a educação inclusiva nas escolas

  5. veronica says:

    Muito esclarecedor ?? Como seria bom se mais professores tivessem esse compromisso com os alunos. Como mãe me sinto impotente toda vez q chamo meu filho pra pensar , não é nem pra fazer atividade, pq eu tento fazer atividades com ele desde que ele não perceba q é uma atividade ,entende ? Pq só o nome , já muda o comportamento? ?

  6. MIDIAN FLORES ROMUALDO says:

    SÓ PROFESSORA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL, TRABALHO NUMA ESCOLA DE TEMPO INTEGRAL , DE 6 ANO ATE O ENSINO MÉDIO, COM ALUNOS CADASTRADOS , TENHO ALUNOS COM TODOS OS TIPOS DE DEFICIÊNCIA, E GOSTARIA DE SABER MAIS SOBRE OS MATERIAIS ADAPTADOS E SE POSSÍVEL RECEBER ALGUNS.

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