A atividade está muito difícil para o aluno com deficiência? Veja o que fazer

Fazer o aluno (com ou sem deficiência) aprender todos os dias não é tarefa fácil e as vezes o tempo passa, passa e passa… mas como canta Ana Vilela, a vida é trem bala parceiro!

Não sabemos a hora que vamos partir. Por isso a ideia é sempre fazer o melhor possível com o nosso tempo.

Fazer o melhor é usar a melhor estratégia.

Isso vale tanto para a vida pessoal quanto para o trabalho.

Você, educador, tenho certeza que procura fazer o melhor sempre, para que seu aluno aprenda todos os dias.

Se você tem a oportunidade de ajudar hoje, então ajude. Não deixe essa oportunidade passar.

Mas nem sempre é fácil ajudar e ter resultados. Todos nós, em algum momento, temos alunos com dificuldades de aprendizagem. Principalmente se você trabalha no Atendimento Educacional Especializado.

Você pode acreditar que seu aluno é capaz de aprender. Você pode até mesmo já ter identificado as potencialidades do seu aluno e não focar na deficiência.

Mas para fazer o aluno aprender todos os dias você precisará de estratégias.

Aqui veremos estratégias que permitem sair do padrão e alcançar a atenção, o foco e a memória dos alunos público alvo do atendimento educacional especializado.

Saia do padrão, seu aluno não é padrão

Cada conteúdo no currículo escolar possui um método de ensino mais utilizado. Na alfabetização é comum o método fônico. Operações matemáticas de soma, subtração, multiplicação e divisão já possuem também seus métodos de ensino preferidos.

É comum professores de história, geografia, biologia, português, filosofia e etc, já terem suas aulas dos anos anteriores preparadas para serem usadas no ano atual, usando um mesmo método e estratégia.

Mas será que esse método, essa aula, essa estratégia são adequados para todos os alunos? O aluno com autismo, síndrome de down, atraso no desenvolvimento ou alguma outra dificuldade de aprendizado será beneficiado com uma aula preparada sem nenhuma atenção específica?

Eu acredito que não. Não existe receita de bolo para ensinar algo para uma pessoa. Todos somos diferentes (com ou sem diagnósticos) e temos preferências por modelos de aprendizagem.

Por isso quero te contar uma estratégia que pode fazer a diferença para seu aluno aprender algo novo hoje.

Uma estratégia de programadores direto na sua sala de aula

Não vou falar para você usar informática aqui. É outra coisa.

Para quem não sabe sou programador, com anos de experiência nesta profissão. Minha formação inicial é Ciência da Computação.

Quero compartilhar com você uma coisa que eu aprendi nessa carreira de computação e que pode ser usada como estratégia na sua aula para fazer seu aluno aprender todos os dias.

Vamos lá?

Programas de computador são soluções para problemas complexos (geralmente).

Esses softwares, mesmo os mais simples, podem ter várias funções e divisões, deixando o trabalho de construção muitas das vezes um verdadeiro labirinto de códigos e operações. Um pesadelo.

Por isso foram criados padrões para os programadores usarem. Esses padrões de projeto deixam tudo mais previsível e fácil de encontrar. É como ter uma mapa do labirinto.

Mas Leandro, qual a relação desses padrões de projeto da computação com as dificuldades de aprendizado do meu aluno?

Vou te explicar.

Se na computação dividimos partes complicadas em módulos menores, mais fáceis de entender e construir, podemos fazer o mesmo com nosso aluno e os conteúdos complexos para ele.

O que chamamos de modularização em computação, pode ser interpretado como “análise de tarefas” em outras áreas (na educação também).

Dividir para conquistar: no campo de batalha e na sua sala de aula

“O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental prospectivamente.”

Lev Vygotsky no livro A Formação Social da Mente: O Desenvolvimento dos Processos Psicológicos Superiores

 

Segundo nosso inteligente amigo russo Vygotsky em seu conceito de zona de desenvolvimento proximal, aquilo que nesse momento uma criança só consegue fazer com a ajuda de alguém, um pouco mais adiante ela certamente conseguirá fazer sozinha.

Porém a zona de desenvolvimento proximal tem limite, além do qual a criança não consegue realizar tarefa alguma, nem com ajuda ou supervisão de quem quer que seja.

Sabemos que garantir que o aluno aprenda todos os dias não é fácil.

Seja uma tarefa em que o aluno desenvolve com ajuda, ou uma tarefa que ele ainda não alcançou, um conceito que você pode aplicar é a análise de tarefas.

Nenhuma tarefa é tão complicada que não possa ser dividida em partes menores e mais simples.

Curiosidade: análise de tarefas é muito utilizado em ABA aplicada ao Autismo e nas implementações do Inventário Portage Operacionalizado. Aplique isso na sua aula também.

O que é análise de tarefas na educação?

A análise de tarefas é o processo de dividir uma habilidade em componentes menores e mais acessíveis.

Uma vez concluída a análise da tarefa, ela pode ser usada para ensinar os alunos com

Transtorno do Espectro Autista, deficiência intelectual ou outra dificuldade de aprendizado, uma habilidade que é muito desafiadora para ensinar de uma só vez.

Outras práticas, como reforço, oferecer níveis de ajuda ou modelagem podem ser usadas para ensinar o indivíduo esses componentes, construindo um sobre o outro, até que a habilidade esteja completa.

Uma vez definido, então vamos ao exemplo.

Usando análise de tarefas na sala de aula inclusiva

Se análise de tarefas é o processo de desenvolver uma sequência de treinamento dividindo uma tarefa em pequenas etapas que uma criança pode dominar mais facilmente, então qualquer tarefa, habilidade, atribuição ou atividade na sala de aula tornam-se administráveis ​​para todas as crianças, o que lhes permite participar plenamente do processo de ensino e aprendizagem.

Um exemplo é deixar claro o que o aluno precisa fazer ao chegar na escola:

Passos simples e alcançáveis, dentro da zona de desenvolvimento da criança.

Pode ser usado para ensinar matemática também!

Vejamos como faríamos com a operação de subtração:

1 – Coloque na folha a quantidade do primeiro número
2 – Retire da folha a quantidade do segundo número
3 – Conte quantos sobraram na folha
4 – Escreva a resposta.

Estas são as etapas para alunos realizarem para aprenderem como subtrair. Você pode ver o aluno colocar primeiro as 5 maçãs e depois remover 2. Contamos as maçãs restantes e escrevemos o que restou.

Dica: depois de apresentar uma solicitação ao aluno, é importante que você se afaste um pouco. Não queremos que meu aluno se torne rapidamente dependente. A melhor maneira de evitar isso é afastando-se lentamente e parando de usar as dicas e pistas que você está usando. É interessante afastar-se na última etapa da tarefa para garantir que os alunos tenham sucesso. Lembre-se sempre de usar isso com reforço. Queremos que os alunos associem coisas boas à tarefa que estão concluindo.

E você? Vai usar análise de tarefas na sua aula para ajudar seus alunos a aprenderem todos os dias na próxima atividade?

Faça seu comentário aqui em baixo!

Obs: também estou aceitando sugestões de temas para lives e posts como esse.

Abraços inclusivos!

Leandro Rodrigues

Eu sou Leandro e acredito que as pessoas podem evoluir muito além dos rótulos, estigmas e preconceitos. Todos podem aprender. Esp. em Educação, Diversidade e Inclusão Social. Formação inicial em Ciência da Computação. Fundador do Instituto Itard e criador do curso Adaptando Atividades para Alunos com Deficiência.

63 thoughts on “A atividade está muito difícil para o aluno com deficiência? Veja o que fazer

  1. Maria Geralda Rangel says:

    Bom dia, obrigado por compartilhar o seu conhecimento conosco , sou professora infantil e tenho interesse por temas relacionado a inclusão. o professor sempre se depara com alunos que apresenta certas particularidades, nem sempre temos o apoio da família. Com relação a temas sugiro: Deficiência intelectual.

  2. Ângela Cristina Pacheco de Almeida says:

    Oi, trabalho à 6 anos em uma instituição de endino, durante quase todo esse tempo foi em um setor de alunos com TEA, fui auxiliar de sala hoje sou professora na mesma instituição mas agora estou no setor de D.I, nesta sua aula que acabei de ver você escreveu a rotina e a execução das atividades com os autistas. A comunicação alternativa é muito importante, e com eles temos que realmente simplificar. Obrigada

  3. Maria Silvânia de Melo says:

    Bom dia!
    Obrigada, dicas excelentes!
    Sabe Leandro tenho 8 anos que trabalho no AEE, e a minha inquietação era exatamente aprender esses conteúdos, e sabe o que disse para mim quando consegui ingressar no Instituto, agora sim, estou no lugar certo e com a pessoa certa vou aprender tudo que sempre desejei.

  4. Ione says:

    Todos aprendem indiferente de sua deficiência no tempo certo e com recursos adaptados de acordo com sua necessidade. Importante é ter um vínculo com professor para que possa sentir-se seguro.

  5. Luciane Maria Carmeille says:

    Às vezes parece ser difícil, mas quando leio os posts e participo das aulas às terças-feiras, aprendo e entendo que preciso apenas ter um olhar mais amplo, fazer de maneiras diferentes e chegarei ao meu aluno ou aluna. Gratidão por tornar acessível tantas maneiras de trabalhar a inclusão!

  6. Natália says:

    Bom dia Leandro!
    Obrigada, por estar sempre dividindo conosco seus conhecimentos. Que Deus continue abençoando você e toda sua família. Abraços inclusivos!

  7. Leonice Cardim says:

    Leandro, bom dia.

    Gostaria muito de poder acompanhar com mais frequência suas lives, mas agora com o trabalho remoto, fica muito complicado. Esse formatos que você utilizou agora, para mim foi mais eficiente e vou adorar se você puder utilizá-lo mais vezes. Sou coordenadora de uma escola e aqui procuramos trabalhar dessa forma, dividindo os conteúdos de
    maneira que os alunos possam ir passo a passo até conseguirem entender.
    Realmente, não é fácil e nem simples. Mas são os desafios que nos impulsionam para a frente e nos tiram da zona de conforto.
    Obrigada por trazer ideias para o nosso dia-a-dia.
    Belíssimo trabalho! Parabéns!
    Sua grande fã.
    Leonice

  8. Swelen says:

    Muito legal perceber que estou no caminho certo!! Eu ensino assim, por partes, aos pouquinhos com calma e paciência no tempo do aluno, os resultados são sempre muito bons!!Obrigada!!Abraços!!!

  9. Elena says:

    Excelente! Cada criança aprende de um jeito e as atividades devem ser preparadas de uma forma que todos possam aprender a seu modo.
    Gostaria que você abordasse o tema da importância da família no aprendizado das pessoas com deficiência.

  10. Rosilene Pereira da says:

    Todos são capazes de aprender , cada um a seu tempo .Porém é necessário que seja motivado para que desperte o gosto e o prazer em aprender.

  11. Ana Lúcia Ricci Marques says:

    Bom dia Leandro! Meu nome é Ana Lúcia e moro no interior de SP.
    Muito bom o seu post! Gostei bastante dessa dica da Análise de tarefas e vou implementá-la.
    Gostaria de saber dicas de como fazer um aluno com DI, com problemas de coordenação motora, aprender a escrever. Ele já está alfabetizado e usa muito bem o computador, mas não consegue escrever em letra de mão ainda.
    Obrigada!

  12. Sandra Cabral says:

    O nosso aluno é único e especial,e sendo assim temos que trabalhar com cada um de maneira diferente.Eu trabalho muito para que meus alunos adquiram sua independência,tanto na escola como fora dela,pois penso muito no seu futuro,pois tudo na vida é passageiro e isto me preocupa muito.

  13. Gisele says:

    Olá Leandro ,excelente conteúdo. Gostaria de receber orientações de como adaptar os conteúdos de sexto, sétimo, oitavo e nono ano. Encontro muitas dificuldades em dar suporte para os professores da rede. Muito obrigada pela sua atenção, acompanho todas as suas aulas de terça-feira .Abs

  14. Erika says:

    A inclusão é algo determinante para o processo de ensino aprendizagem ,o professor inovador busca estratégias para aprimorar na transmissão dos conhecimentos ,com isso acontece a troca de experiências revelando que todos somos capazes de avançar e de desenvolver de forma gradativa sem implicar na condição de aprender a conhecer a ser e a fazer.Devemos ultrapassar as barreiras juntos aluno-professor.

  15. celina says:

    Muitos alunos com necessidades especiais têm mais dificuldade de aprender do outros, no entanto Independente de qualquer que seja sua deficiência e com recursos adaptados a suas necessidades se tornará um facilitador para a sua aprendizagem;

  16. Sandra says:

    Leandro, sou professora de Lingua Inglesa no Fundamental I e II. No primeiro segmento tenho alunos autistas, com Síndrome de Down, enfim, várias inclusões. Achei muito interessante o tema e gostaria de mais sugestões para trabalhar com eles quando o ensino presencial voltar. Precisamos explorar cada vez mais esse tema, pois é e será uma realidade hoje e sempre.

  17. Luci says:

    Boa Noite!
    Obrigada Leandro, suas instruções foram esclarecedoras, concordo que não existe receita pronta para nada, porém quando não se tem formação específica , usar de conhecimentos e experiências como a sua nos ajuda e ter uma visão de que é possível sim. Por isso procuro estar sempre acompanhando você do Instituto Itard que caiu como uma luva para me ajudar.
    Muito obrigada.

  18. Laides says:

    Oi, Leandro. Também acredito na capacidade que todos têm de aprender. Essa metodologia pode facilitar bastante o aprendizado.
    Suas aulas são maravilhosas.
    Obrigada.

  19. Regina Célia says:

    Gosto muito de suas Live, parabéns pela dedicação.
    Tenho muita dificuldades com as ferramentas tecnologicas mas estou buscando aprender.
    Deus abençoe os seus dons.

  20. Creusa Virginia da Silva says:

    Boa tarde Leandro.
    Li tudo e amei.
    Todas as terças eu assisto suas lives.
    Adoro.

    Boa tarde Leandro.
    Li tudo e amei.Aliás amo tudo que você nos transmite.
    Assisto todas lives suas e adoro.
    Um grande abraço
    Creusa

  21. Claudia says:

    Sou professora de AEE e educação infantil em diferentes turnos, gostei das colocações. A maioria de meus aprendentes do AEE são DI, procuro seguir essa linha de trabalho com o concreto e diálogo. E agora com esse momento de PANDEMIA ficou difícil tanto no AEE quanto na Ed infantil. Como trabalhar remoto com o lúdico? Estou tentando na medida do possível

  22. Rosevanda Santos Araújo says:

    Concordo que todos são capazes de aprender. Trambolho com crianças do nível de alfabetização e alfabetização de adolescentes com dificuldades na aprendizagem. E esse momento de troca de conhecimento com vocês em tempo de pandemia foi bênçãos para minha vida.Poder aprender para desenvolver um bom trabalho. Muito obrigada Leandro. DEUS continue te usando .PARABÉNS.

  23. Madalena Neto says:

    Olá Leandro,
    Os assuntos que você apresenta sempre de forma muito prática e de fácil compreensão. Muito ricos.

    Muito obrigado pela contribuição que você tem nos dado.

  24. Monica Basilio says:

    também gostaria de saber, visto que , o professor do AEE atende a toda demanda da escola isso inclui o EFll e EM, mas como abordar disciplinas complexas como a química e a física por exemplo?

  25. Monica Basilio says:

    Com certeza irei empregar atividades semelhantes. Obrigado pelo retorno.
    sugestão de tema pra live: Como engajar outros atores como professor da sala regular e familiares buscando o desenvolvimento do aluno?

  26. ALZIMAR SANTOS AGUIAR says:

    BOM DIA LEANDRO ,DIGAS QUE VOCÊ DEU NESSA AULA FOI DE TOTAL IMPORTÂNCIA PRA ENRIQUECER MAIS AINDA MEUS CONHECIMENTOS . ADOREI…DEUS CONTINUE TE ILUMINANDO,DANDO LHE SABEDORIA PARA REPASSAR ESSES CONHECIMENTOS QUE SERVE PRA SOMAR NO MEU COTIDIANO, NA BUSCA DE DAR O MELHOR PARA OS ALUNOS .MEU MUITO OBRIGADA…

  27. NADIR LIMA says:

    O material é ótimo! Peço somente que não exemplifique nada que esteja em outra língua. Uma figurinha que seja…O professor irá rejeitá-lo.
    Abração
    Fga. NADIR LIMA

  28. Jorcelina says:

    Bom dia Leandro sou Jorcelina Cidade Paulino obrigada por compartilhar seu conhecimento conosco, em cada períodos que participamos desses cursos formativos temos oportunidades de aprender muito e aplicar em nossas praticas pedagógicos.

  29. Ivone Terêsinha Amaro Knolow says:

    Estou encantada com a sensibilidade de vcs para formar um novo conceito de dividir as aprendizagens que alcançaram. Parabéns ! Ivone Knolow. São Borja. RS

  30. Maria Aparecida de Andrade Avelino says:

    Oi Leandro, sou Maria Aparecida, sou AT (atendente terapeuta) pedagógica de uma criança de 6 anos, e aprendo muito com você. Obrigada por compartilhar o seu conhecimento, conceitos, livros…Gratidão.

  31. Cristiane de Assis Macedo Alves says:

    Olá!
    Agradeço por sua colaboração. Mas minha grande dúvida é: como ensinar esoecialidades a alunos com DI severa, ou autismo?
    Eles têm direito de aprender, mas como ensinar biologia, sociologia, trigonometria pra esses alunos?
    Como adaptar atividades de filosofia para um estudante com paralisia cerebral que não se comunica ou escreve?

    Porque conheço escolas que exigem esse compromisso do professor, sem oferecer qualquer suporte.

  32. Willes says:

    Eu também agradeço pela experiência compartilhada sou pedagogo e psicopedagogia clinica e institucional e professor de português e RESPECTIVAS LITERATURAS sou mestre de capoeira eu uso a capoeira com os estiramento para o desenvolvimento do cognitivo com certezas funciona até nas aulas de reforço já que não devemos nos preocupar com as deficiências a interação funciona cada profissional com seus métodos. Mestre Scania. Willes José de Santana

  33. Alessandra says:

    Leandro quando a escola nao adapta a tarefa de casa e nos pais conhecemos a criança e temos noção sobre como adaptar nós podemos adaptar essa tarefa que veio não adaptada?

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